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21 de fevereiro de 2013

Ainda Dói.

Dói.
Dói olhar-te nos olhos. Prender-me nessa cor tão tua, tão nossa.
Dói ver-te sem te poder olhar e mais ainda quando tu olhas sem me ver.
Dói. Uma dor tão profunda que faz eco no meu peito.
Dói a tua ausência e mais ainda a indiferença da tua presença.
Dói o som da chuva, lembrando-me de quando estavas aqui.
Dói a luz da lua, sorrindo como me sorrias.
Dói ver as estrelas, o brilho do teu olhar.
Dói ver o meu reflexo nos teus olhos, o teu olhar vítreo e ausente.
Dói saber que me procuras na multidão, tal como te procuro a ti.
Dói desviares o olhar quando finalmente me encontras.

Mas mais do que tudo, dói recordar.

Dói lembrar o tom castanho dos teus olhos, dói a recordação de quando nos olhávamos com tamanha paixão que o resto do mundo se tornava pálido e indefinido.
Dói saber que o vazio que agora sinto, foi outrora totalmente preenchido por ti.
Dói não me ver nos teus olhos, não me sentires na tua pele.
Dói lembrar o teu sorriso quando nos víamos no meio do mundo, tornando-nos no mundo um do outro.
Dói relembrar como fixavas o teu olhar em mim, fazendo desaparecer tudo ao nosso redor. A forma como sorrias…
Dói. Tudo dói por não saber se também eu te causo dor. E dói imaginar que te possa doer.
Dói tentar tornar a tua ausência, o vazio, num mero eco, em mero fumo, em mera recordação.
Dói a luta dentro do meu peito, entre o coração e a mente. Dói a luta entre a mente e os meus lábios, para não pronunciar o teu nome enquanto sonho.
Dói. Por mais que negue, dói.

Mas mais que tudo, dói o simples facto de doer. Porque sei que já devia ter parado a dor há muito tempo. Porque sei não haver mais razões para doer. Porque já não devias ser recordação, eco, vazio ou fumo… Porque já não devias ser dor.

Mas dói.


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