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30 de abril de 2013

Mundo de Ilusão / Escoliadas

No mundo em que vivo
Na nuvem que escolhi
No sonho, na busca
Na vida que perdi
Agarrada, ao que tenho
No mundo que me envolve
Arco-íris a preto e branco
Fogo que me consome
O mar pelo rio adentro
O céu de um amarelo profundo
Gotas de chuva quente
Sonhos do meu mundo
Guerras, fome, lágrimas
O fim da solidão
Lado a lado, eu e fadas
Eu, deus da criação
No mundo que escolhi
Na nuvem onde vivo
No sonho, na busca
Neste meu porto de abrigo.
Nevoeiro cor de prata
Magia e sedução
No meu mundo encantado
No reino da imaginação

Foi então que sonhei
Um sonho acordado
Com deuses e fadas
Correndo num prado
Sem nuvens de chuva
E sem temporais
Um mundo de luz
De sonhos reais
Ao acordar do sonho
Cai na realidade
Do mundo que prende
Das trevas e do mal
Não tendo mais cores
Perdendo o sonhar
Resta-me o tempo
Sobra-me o luar
Sem perceber
O sonho e a realidade
Perdendo o pó de estrelas
Enfrentando a verdade
O que penso real
Na verdade não o é
Procurando num sonho
Buscando uma fé.

12 de abril de 2013

Farsa

Ensaio de vida
Sonhada para controlar
Perdida no teatro
Do fingir para não chorar
Sombra da verdade
Registo apagado
Contra-regra mudo
De um destino já traçado
Seguir todos os passos
Cenas e actos
Tentar compreender
Diálogos abstractos
Máscaras, ilusão
Resultados da maquilhagem
Por baixo mora o desgosto
Escondida a mensagem

E quando abrir o pano
À boca de cena eu vou
Representando a verdade
Mostrando quem sou
Não sigo o guião
Copiar não é para mim
Sob as luzes espero aplausos
A peça chegou ao fim

3 de abril de 2013

Nunca o direi. Já o sabes!...

Porque nunca vais saber como te amei.
Nunca entenderás o que sentia durante aqueles 3segundos que o meu coração parava de bater, sempre que te via.
O meu Amo-te nunca foi pronunciado. Sempre convertido num Adoro-te, dito a medo. Sempre um eco que se prendia nas paredes do tempo á nossa volta, nos nossos momentos.
Porque não sabes, nem nunca vais saber o quanto o teu respirar era o meu viver, o quanto o teu sorriso era a minha vida.
Disse-te em sonhos, demonstrado entre sonos, envoltos em lençóis e no escuro que nos escondia o olhar.
Fomos feitos de chuva, de lágrimas de sorrisos e de sonhos.
Fomos um do outro, escondidos em momentos, fugidos da realidade.
Fomos sempre simples amostra, nada mais do que suspiros, sombras, promessas, nada mais do que sonhos.
Pensei ser suficiente. Mas nunca o fui. E a mim, tu bastavas.
Nunca vais ouvir-me dizer o quanto te amei. O quanto ainda te amo. Porque nunca o poderei soltar do meu peito. O grito que traz dor e o teu nome agarrado.
Nunca seremos mais do que fomos. Quando achei que eramos tudo, na verdade nunca fomos tanto.
Mas mesmo assim, mesmo não dizendo o quanto te amo, já to disse.
É impossível não o teres sentido quando os nossos batimentos aceleravam juntos, tocando uma melodia só nossa.
É impossível não o saberes quando partilhámos tanta vida, tanto sentir.
É impossível não te teres perdido em mim, como eu me perdi em ti. Não te teres, também tu, segurado firme no meu abraço, não te teres ligado no entrelaçar dos nossos dedos.
Não digas não ter ouvido o som que se desprendia dos suspiros.
Que não sentias a electricidade que percorria as nossas peles, mesmo antes de se tocarem.
Não negues que te sentias completo em mim. Pelo menos afirmaste isso várias vezes.
Não saberás como te amei, como me odiei por te amar.
Porque nunca seremos voz, sempre eco.
Porque nunca seremos nós, sempre e apenas eu e tu.
Mas ainda corres na minha saliva, ainda me pulsas nas veias, ainda me bates no peito.
Ainda és presença constante nos meus sonhos, ainda és envolvência do meu ser.
Ainda ocupas o teu lugar dentro de mim.
Nunca vais saber como me faltas, como me dóis…
Nunca vais saber como é profundo o vazio que a tua ausência deixa em mim.
Nunca sentirás o corte frio da navalha da saudade, na indiferença do teu sorriso.
Restas-me tu. Na lembrança do calor que já foste no meu peito.
Restamos nós. Na recordação de sonhos adiados.
Resto eu… Apenas um resto de ti!

Sinto-te!

Sinto-te!
És o vento nas minhas asas
A água na saliva da minha boca
O raio do sol que me aquece
A luz da lua que me guia.
Sinto-te!
Em cada respirar vazio
Em cada momento perdido
Em cada lágrima que saboreio
Em cada sonho acordado
Sinto-te!
És tu em cada batida do meu peito
Presente em cada momento do meu caminho
Marcado em cada pegada que deixo
Sinto-te!
Como água no deserto
Como luz na noite mais escura
Como música no silêncio
Sinto-te!
Mesmo ausente, eu sinto-te!
Mesmo calado, eu ouço-te!
Mesmo distante, eu vejo-te!
Sinto-te!
E nada mais importa
E nada mais é tanto
E nada mais é tudo
E tudo à volta é nada!