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27 de agosto de 2012

Pegadas

Depois de um fantástico domingo de praia, com algumas das pessoas que mais amo no mundo...

E quando morrer
Quero deixar
Impressas
No chão que piso
Pegadas marcadas
Memórias guardadas
Restos de vida
De sorriso.
E se a terra
Que me leva
Me deixar respirar
Se o tempo
Nas horas
Me levar
Espero apenas
Lembrar do que vivo
Deixar  em alguém
Um estranho sentido
Que o tempo não negue
A recordação
Que a noite me leve
Mas fique a noção
Que quando morrer
Tudo o que perdi
Que alguém recorde
Que um dia eu vivi



1 de agosto de 2012

Sopro de Luz 4

"Era um fim de tarde magnifico de final de setembro. A temperatura estivera convidativa para um dia de praia, mas agora, a medida que o sol se aproximava da linha do horizonte e o céu se tingia de laranjas e negro, e depois de uns quantos mergulhos, Eliana sentia o frio que se começara a instalar. Como sempre ela e Bruno eram os últimos a deixar a praia. Abraçados, sentados numa duna, olhavam o sol a pôr-se sobre o mar. Uma daquelas maravilhas que só que presenciou consegue sentir e que meras palavras não descrevem. Bruno abraçava Eliana, que, sentada a sua frente, enlaçada nos seus braços, sentia o sal das suas peles a queimar, contrariando o frio da brisa marinha. O cheiro a mar, o sabor salgado dos lábios e da pele do homem que a abraçava, o seu herói que a protegia e amava, o som das ondas ao longe a bater, as pequenas gotículas de agua que o vento trazia.. Eliana estava mais uma vez parada no tempo, presa numa teia perfeita, tecida de sonhos. Bruno afagava o seu cabelo com os lábios, sussurrando-lhe ao ouvido. Quando o sol desapareceu por completo, Bruno tomou-a nos braços e, anulando o pouco espaço que existia entre eles, beijou-a com paixão e ansiedade, numa procura incessante dos seus lábios e do seu corpo.
 Pequenos remoinhos de areia começavam a formar-se a sua volta, rasgando nos seus corpos, pequenas linhas que quebravam a barreira de sal e suor da sua pele.
Depois de rendidos e entregues ao desejo e á  paixão que os unia, abraçados debaixo da mesma toalha, dirigiram-se para o carro.
-Eliana, um dia vamos casar. Aqui mesmo nesta praia, com o por do sol como testemunha e abençoados pela natureza que nos criou, para sermos um do outro. A areia será o nosso altar e o mar a nossa bênção. Para sempre.
Eliana sorriu, puxando Bruno para junto de si, tocou ao de leve o rosto dele, com o seu, sentindo o aroma de praia que exalava e beijando-o, sorvendo o sal e o doce da sua boca disse apenas.
- Para sempre."


In: Sopro de Luz

Espuma

Sobre o leito que me estendes
Pelas brumas em que vivo
Um silêncio escuro
Sem porto, sem abrigo
Na neblina que me esconde
Na escuridão do abismo
Um grito abafado
Uma luz que não atinjo
Na lembrança já perdida
Na ânsia do sonhar
Um aperto no peito
O não poder respirar
Por entre loucos gritos
Que já não consigo calar
Mergulho num só salto
No profundo desse mar
Calo o grito que dói
Calo a voz que sufoca
Mergulho nesse mar
Uma viagem sem volta
E na espuma do meu grito
No escuro que me envolve
Fiz-me gota de sorriso
  Neste mar que me consome.