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15 de maio de 2013

Mais uma Vez...

E mais uma vez queima-me a pele,
Num toque que ficou por acontecer…
Mais uma vez,
Ardem-me os olhos nas lágrimas por chorar…
Mais uma vez, chegaste.
 Desprovido de sorrisos, despojado de palavras…
E mais uma vez eu gelei,
 Por dentro, no sangue que sempre me fizeste ferver…
Por uma vez mais,
 O mundo parou à nossa volta, num instante suspenso no tempo…
Mais uma vez desejei comandar o tempo,
Fazer durar para sempre o nosso instante...
Mais uma vez,
Lembrei-me que não existem instantes nossos.
Que o nosso tempo já não se cruza.
Por uma vez mais,
Senti-te junto a mim, embora mais distante do que nunca…
Foi mais uma vez,
 Uma no meio de tantas…
Mais uma vez,
Todo o meu ser tremeu…
Mais uma vez,
Lutei por não te olhar…
Foi mais uma vez.
Mais um infinito de recordações…
E mais uma vez, doeu…


2 de maio de 2013

Mundo de Ilusão II

Nunca pensei poderem serem deflagrados tantos sentimentos e lembranças num simples regresso a um local.
Deparei-me com um recordar de aromas, de momentos, de cores e vozes. E de um momento para o outro, todo o meu ser regressou àqueles fragmentos de felicidade pura e impossível de quebrar.
As paredes tornaram-se no céu mais estrelado, os rostos, desconhecidos, em rostos familiares. E tudo o que tem sido reprimido, voltou. Como se nunca tivesse desaparecido.
Fiquei com o aroma familiar preso nas narinas, o sabor doce e húmido, como parte da minha boca.
A impressão na pele, do toque quente, em contraste com as gotas frias daquela chuva.
E desse lugar nasceram outros lugares, lugares antigos, que pensava já demolidos na minha mente. Lugares aos quais jurei nunca mais voltar.
Entrei a medo, mas sem imaginar cair em tal remoinho de sentimentos. Tentei distrair, alinhar na conversa, concentrar-me na música…
Tudo se tornava de novo em passado, tudo voltava a ti…
Lutei contra as fachadas que se erguiam de novo no meu cérebro, arrastando-me para noites de um passado destruído. Ou assim o julgava. Talvez tenha sido ingénua ao achar que estava imune. Afinal, reviveste em contacto com aquele espaço… ou pelo menos a sombra do que foste…
Sei que é isso, que não passas disso. Uma sombra, um vapor que me tolda a mente quando o respiro.
Tento lutar, juro que tento, mas vivo os dias presa nessa realidade, mesmo sabendo não passar de uma nuvem de sonhos. Mesmo sabendo que “o meu mundo de ilusão” não passa disso mesmo… uma ilusão.
Mas estás presente. Mesmo quando não quero que estejas. Mesmo quando corres no meu corpo como o veneno que és. Mesmo assim… estás presente. E eu, mesmo não querendo, deixo-te estar.